Seguidores

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

capítulo 8 - surpresa


Clayton entra no quarto e a encontra Cleise colocando a faixa abdominal pós-cirurgia.
Ela está absorta, fechando os últimos colchetes . 

A tarefa parece complicada e ela geme enquanto se dobra.

 - O que está fazendo?

-  Tentando fechar essa merda! Mas eu não consigo ainda me dobrar ... Diz, bufando.

Clayton ficou olhando pra ela, desconsertado . 

Então , com estudada calma , pergunta:

- Quer que eu chame a Cléo?

Olho para ele  e penso em  como responder, mas balançando a cabeça, digo:
- Sim, por favor !

Ele ia sair do quarto quando desiste no meio do caminho e volta no mesmo pé.
- Ela deve tá ocupada.
Se você me disser o que eu tenho que fazer, eu acho que consigo te ajudar

Sorri.
- Eu vou respirar fundo e aí você fecha esse colchete e fecha o zíper em seguida, tá !

 Terminei de colocar a cinta.
Vesti por fim, o sutiã de amamentação, sobre ele a camisola com abertura frontal 

E me sentei , desconfortável, na cadeira de balanço .

 Felipe , ainda bem, continuava adormecido .

- você esqueceu de colocar o protetor de seio ! - Clayton entregou a caixa pra ela .

 Fiz um gesto com a mão e disse:
- Eu não preciso disso ! 
- como assim, não precisa ?
" Como assim você ainda não sabe ?" - teve vontade de responder. 

Mas estava cansada até pra discutir.

- Ele não pegou o seio, Clayton. Felipe tem tomado só mamadeira ... Ele não quis ...

Ele apontou pras inúmeras revistas sobre a mesa ao lado do computador .

--Não tinha nada sobre isso nelas? 

--  ah! Sim, tem. Tudo explicando como - pego uma revista qualquer e não demoro a encontrar o texto que é quase o mesmo em todas elas :
"o leite materno é fundamental até os dois anos e que era só insistir que o bebê ia pegar , naturalmente ..."

Como se amamentar fosse um roteiro mais que previsível, só que não é, né ?! Olha a realidade, aí , pra provar ...Eu já tentei e tentei...e,  nada!

Ele se aproximou da cadeira de balanço e sentou na beirada da cama, ficando em frente a ela.

- você não pode desistir, Cleise .

-- Desistir do quê, exatamente, Clayton? - Perguntei, frustrada.

Clayton ficou em silêncio , mas não disse nada.

Desistir...a palavra ficou ecoando em minha mente e me surpreendi com meu próprio desabafo, que murmurei sem perceber:

- Não sei mais o que fazer, clay!

- Posso ? 

-- Pode o quê? - perguntei, confusa.

-- Posso tocar em você ?

Dei de ombros .

Ele me  tocou com gentileza, colocando mão  sobre o meu seio . Nem me lembro a quanto tempo ele sequer me tocou assim pela última vez.

Em outros tempos , reparo, meu peito cabia quase integralmente dentro da mão enorme com dedos compridos de artista dele. Mas agora...não ! 

- Estão quentes , Cleise ! - Ele comentou.

- Você está retirando o leite ? Se não tirar, pode empedrar...A Carla disse que te trouxe uma bombinha de presente...

- Qual a parte que eu disse que estou sem leite , que você não entendeu?! - Falei , sem paciência.

- O que mais a Carla falou pra você?

Ele  tocou com um pouco mais de pressão. 

A sensação era estranha, como se, ao serem tocados por ele, subitamente meus seios tivesse de  enchido de vida!

- Não é verdade, Cleise, olha !

E mostrou para a minha camisola. O tecido estava úmido, formando uma grande mancha na altura dos seios .

- Eu não acredito!!!  Clayton! Desceu ! 

Eu o abracei, num impulso  e ele reclamou :

- Eca! Cleise, você tá com cheiro de leite ! 

Eu me afastei sorrindo, dele, e ele sorriu de volta . 

- Eu não te via sorrindo assim fazia nem sei quanto tempo...

Brincou com a ponta dos meus cabelos ruivos. 

Quando foi a última vez que os cortei mesmo?
 De repente eu pensei, será que ele me deseja, ainda , mesmo gorda, flácida e com meu cabelo cheio de pontas ?

- Desculpa, tá ?!

- Pelo quê?! - sua fala me tirou do devaneio e olhei pra ele, confusa 

Mas ele não respondeu e me abraçou , e em seguida, ele me tomou por entre as suas mãos e me beijou .

Cleo abriu a porta pra dizer que era pra de Felipe mamar , mas  não quis interromper a cena. Eu fingi que não percebi .

Felipe , aninhado nos meus braços, estava finalmente mamando , pela primeira vez .
 
Ainda bastante desajeitados,  tentávamos posicionar o bebê da melhor forma, mas logo ele abocanhou o seio e mamava , apertando com a mãozinha enquanto sugava com força .

 Estávamos juntos , tentando. 

Eu estava realmente feliz e sorria tendo o Clayton ao meu lado.

Cleo fechou a porta e saiu sem interromper a felicidade daquele momento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário